quarta-feira, 5 de maio de 2010

como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 20

Cama doble. Não era tarde, e os travesseiros fofos. Às vezes, o jotacá pode ser transportado. Com a outra pessoa, se faz cabana na floresta, os galhos cobrem nossos corpos, e vamos andando. Se encontramos um ao outro no caminho, estamos em graça. Com aquela disposição de esfregar um corpo no outro e produzir fogo, foi assim desde a pedra lascada, acarinhar as vontades e chegar num jeito que só de dois se logra. As cascas da árvore no chão amenizam as pisadas de nossos pés, vamos. Solamente una vez. Nos agarramos ao tronco mais forte e subimos, subimos, como escreveu Vinicius de Moraes, a subida exige fôlego, fazemos ar e encontramos os fôlegos para descansar, inspirar e expirar, de duo, de outra terceira margem para nossos rios, que rios que correm paralelos não se encontram nunca, mas há o delta, logo ali, e as águas se misturam, por esse encontro nos fortalecemos, por esse encontro nos damos, por aí é que subimos e descemos, vemos as colinas, picos rápidos e corremos nus, na floresta que é nossa cabana, na cabana que se alargou, alcançou extremidades há muito desconhecidas, o alto e o baixo de todo o movimento, o calor erguendo nossos braços e espalmando pernas, cuspimos labaredas, queimamos folhagem, fazemos nova geografia, que a floresta em que entramos nunca mais será a mesma.

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