sexta-feira, 13 de abril de 2012
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Ahá! Amor.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
her taste of adventure is not exhausted
I say it's the mind you have on at
they say it's me, my style, my tos and fros
i say it's the weather, the blues, the wooes
They say your pajamas were cute
I say your flavors are absolute
And so we go on saying this and that
Till we cannot stop
And the night becomes a nightmare
Full of reasonable thoughts
Not until I won't be able to sleep
I'll watch you in deep
In your dos and dids
como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 21
Não é coerente em nada. Pois não é a pessoa que comanda a vida: é a vida que comanda a pessoa.
Escreve o que lhe dá vontade. Ela lê porque quer.
Por que dá explicações sobre quem é?
Porque sente vir um ataque cardíaco. Para fazer um inventário. Para se crer remediável.
Sabe tudo de memória: por isso, precisa esquecer. Praticar o esquecimento para não se levar preso por vida. Perder os traços do rosto dela, perder o som de sua voz. Deixar que, com o tempo, ela não seja nada, ainda que veja sua fotografia.
O que tem para dizer é o que nasce no momento. Se se repete, é porque se repete. Porque não há criação possível, enquanto for enquanto.
Tem razão em tudo o que diz, mesmo que o tempo passe. Tem razão em tudo o que diz, e ainda assim, segue dizendo a mesma coisa.
Tudo é uma repetição e também ajuda a esclarecer.
E lhe parece incrível que ela siga querendo vê-lo e lê-lo.
(A esperança é uma coisa violenta.)
quarta-feira, 5 de maio de 2010
como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 20
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Como fazer de seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 19
This card is traditionally entitled the Knight, but in some modern decks appears as the Prince. Traditionally, this card in this suit has pictured a homecoming -- portraying a return to his true heart's home after a long journey. Like the prodigal son, he may be returning after long estrangement from all he holds dear.
His taste for adventure is exhausted -- there is no more romanticizing of battles or travel in strange lands. Now he wants to go where he will be recognized, wanted and welcome -- where he doesn't have to fight at every turn. He has the attitude of one who has become older and wiser, the prodigal son.
The warrior returns an ambassador of peace. The traveler comes home.
When the Knight of Cups (in some decks, a Prince) is in this position, something or someone that was lost from your life may be returning. It could be an influence or a memento. It could also be a person coming back from a journey, one that separated from you long ago. A cup of wisdom, initiation or awakening will be presented to you.
Take a look at how you have been wandering down your chosen path.
DEATH
Let go of the past and move forward into a new phase of being.
This card portrays the action of winter on the landscape -- lush greenery is cut back, revealing the bones of the landscape. The season of dark and cold separates the annual plants, that live and die in one year, from the perennials, which can take refuge in their root systems until the following Spring, to sprout anew. As the scythe cuts the cords that link us to the past, it liberates us to go forward without fear, because we have nothing left to lose. We can see that everything pruned away is recycled for the fertility of the future, so that nothing is really ever lost, despite seasonal cycles of gain and loss.
The Death card is calling you to shed old identities in order to be able to express new ones, much like a snake shedding its skin. Go through this process of transformation willingly and voluntarily.
By cleaning up after the past and clearing away its residual effects, you make room for a higher manifestation to emerge. Think of this as a form of recycling in which you let go of attachments that would otherwise bind you to outworn thoughts and behaviors. You are turning a page in your life. Cast off the detritus of the past and look forward to the future with optimism.
THE HIEROPHANT
Help make the invisible visible.
The Hierophant in this position points to someone who is recognized and respected for the qualities that once made them seem strange to others. People like this see into the invisible spaces, communicate with animals, plants or the elements, and generally live in the world but are not bound to it.
Although an extra degree of sensitivity to your experience of life has at times seemed a setback, the Hierophant is now in a position to make it pay. This is a specialist, a person with a gift. With self-discipline, you can turn your unique point of view into a path of service.
the one who passes on the teachings.
This card can point to recurring themes in the challenges you have faced in your life -- and to opportunities that may yet present themselves. Can you think of any patterns which are returning to affect you now? If so, try to recall how you have reacted in the past. Perhaps you can see new potentials, while noticing the hidden pitfalls too. Can you imagine a different way of responding to the situation this time around?
The wisdom of this card can help you turn surprises into strengths, blind spots into windows of opportunity. Bring creativity and flexibility to the way you go about your way in the world. Your expanding capacity will become an asset and source of inspiration to all.
Como fazer de seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 18
Nietzsche, F. in A genealogia da moral
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Como fazer de seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 16
[Para ler com voz de Elisa Lucinda ou pedir pra ela ler, se chegar perto]
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Como fazer de seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 16
Naquela noite, a garota e seu partner voltaram do bar na carona do caminhão da Coca-cola. Madrugada, pouca gente, ela sabia dirigir, mas não tinha carro. Ele tinha carro à disposição, mas ainda iniciante na autoescola, não andava no corcel de noite. E como os pais dela não gostavam da filha cantando em bar da Cidade Baixa, não emprestavam a belina. Sentaram nos engradados, ele segurando o violão, e os bolsos forrados do couvert artístico - coisa de três pila por cabeça, que o violonista e a cantora crooner dividiam a 1,50 para cada um, houvesse só um vivente no bar assistindo, era isso que cada um levava pra casa. Havia poucos bares de música ao vivo na cidade, do tipo voz e violão. O Cokeru´s era de um argentino que dera por aí com os cornos, saído sabe-se lá de quê. De vez em quando, ele pedia que a gente fizesse Alfonsina. E a gente fazia. Cantava junto, o argenta. A garota de 19 anos atraiu muitos amigos seus e de seus amigos para o estabelecimento em frente ao Pão dos Pobres. Ovelha negra, da Rita Lee, não podia faltar. Era inverno. Ela gostava de usar o blusão tricotado pela irmã, todo colorido. Cabelo curto, pegava o microfone de madeira, isso mesmo, de madeira!, olhava bem pra ele. E cantava noite afora.
Como fazer de seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 15
Os namorados, os amantes (imagem do tarot de Alester Crowley)
O Arcano VI parece referir-se de forma alegórica à famosa parábola de Hércules na encruzilhada entre a Virtude e o Vicio, tal como conta Xenofonte nas suas lembranças de Sócrates.
A antiguidade desta parábola é indiscutível, mesmo que as suas representações gráficas mais remotas não tenham chegado até nós. Na vida de Apolônio de Tiana, narrada por Filostrates no final do século II, há uma curiosa passagem em que um sábio egípcio diz a Apolônio:
“Tu conheces, nos livros de imagens, a representação de Hércules em que ele, jovem, ainda não escolheu o seu caminho. O Vício e a Virtude o rodeiam, tentam atraí-lo, cada um o quer para si...
Os amantes representam o impulso que nos leva à vida adulta.
Às vezes, o impulso se manifesta como curiosidade; outras, como desejo sexual; e ainda, se manifesta como um dever, uma missão. Seja o que for, uma vez que ultrapassamos as portas do Jardim do Éden, não há retorno.
Precisamos das pessoas para nos tornarmos completamente humanos. Amantes, amigos, adversários - cada um nos ensina, nos faz ir além. Pode nos matar. Pode partir nossos corações.
http://www.clubedotaro.com.br
http://en.wikipedia.org
Como fazer de seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 14
Austera idade.
(e, segundo o Houaiss...)
Autocontrole. Importante, não com grandes alturas, porque o tombo será enorme.
Autodomínio. Parece mas não é autocontrole, é domínio com largueza de si. Cada vez mais difícil quanto mais a gente vê que o tudo que se sabe não é o que se crê. Melhor ir, mesmo assim.
Circunspecção. Se for no círculo, cuidado.
Comedimento. Detesto.
Compostura. Abomino.
Continência. Horror.
Critério. Ahá.
Desafetação. Impossível. Sem afeto?
Despojamento. Se for, assim, despojar-se do número de jeans, colares, pulseiras, valores que se vão. Mas também são úteis, quando não são fúteis.
Discrição. Está bueno eso.
Equilíbrio. Está mejor. Precisa do desequilíbrio, do not forget.
Frugalidade. Levinho.
Gravidade. Inexorável.
Juízo. Não carece, mas cacareja.
Lhaneza. Lisura?
Maneiras. Não há quem não as tenha.
Método. Não há quem não o tenha.
Moderação. É do ser humano?
Modéstia. Existe.
Modo. Jônico.
Naturalidade. Palavra que corre junto com o rio.
Ordem. Esteticamente, melhor que desordem.
Parcimônia. Ná.
Ponderação. Para entrevistas de emprego.
Prudência. Idem.
Recolhimento. É o colo.
Regra. Menstruação.
Reserva. Em bons hotéis. E no encontro marcado.
Respeito. É bom e eu gosto.
Retraimento. Gosto e dá dor nas costas. Que nem comer tatu.
Rigor. Monástico? Sou acometida.
Sensatez. Minha infância.
Senso. Minha infância.
Seriedade. Minha infância.
Severidade. Cansei.
Simplicidade. O galho que está crescendo pra dentro da minha janela.
Singeleza. O verde da folha desse galho.
Siso. Dente.
Sisudez. Eu com cinco anos.
Sobriedade. Nos agoras, arf.
Têmpera. Tinta.
Temperança. A carta do tarot, a água escorre de um vaso a outro, para que se tempere.
Tino. Fundamental.
Virtude. Sou cheia, hhmm.
Vulto. Susto.
Restrição. Dor.
Vigor. Astúcia. Dança.
Como fazer de seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 13
n e c e s s i d a d e d e c o r t a r l a ç o s
Um homem barbado,
recurvado,
de idade avançada,
segura em sua mão direita uma lanterna parcialmente coberta por uma capa, que representa o conhecimento da ciência oculta.
Ele se apoia no bordão (bastão) da prudência, que o acompanha em sua busca.
O ermitão ou eremita mantém a lanterna bem perto dos olhos para se orientar melhor, mostrando a luz da inteligência e da sabedoria.
Esta lamparina também significa a luz da verdade.
A luz atinge o passado, o presente e o futuro.
O tom escuro de seu manto simboliza a austeridade.
Ele segue sua viagem através do tempo como um solitário,
tendo como único consolo a sabedoria, que as vezes, é um penoso fardo.
Este arcano se refere à acumulação de conhecimentos e está disposto a ouvir e ajudar os que o procuram.
Representa o valor do conhecimento adquirido à custa de trabalho ininterrupto, que apenas mentes privilegiadas conseguem desenvolver.
A luz do ermitão o envolve e o inclina à pesquisa paciente, aos estudos.
O Eremita ou Ermitão é o nono Arcano maior do Tarot.
É uma carta que simboliza o isolamento, restrição, afastamento.
O eremita isola-se para descobrir o conhecimento que o rodeia, na natureza, por exemplo, e também para se autoconhecer.
O aspecto fundamental é que necessita cortar os laços (temporariamente ou não) com a sociedade que o rodeia.
A carta tem o número IX e a letra hebraica TET.
Extraído/adaptado de Wikipedia http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Eremita_(Tarot)
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 12
Mário de Andrade in A lição do amigo (cartas a Carlos Drummond de Andrade, escritas entre 1925 e 1945)
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 11
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 10
O jotacá virou cabana mesmo: contei mais três camas, além da minha.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 9
Clarissa Pinkola Estés in Women who run with the wolves.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 8
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 7
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 6
Quando Ehud morreu morreram também os peixes do pequeno aquário, então recortei dois peixes pardos de papel, estão comigo aqui no vão da escada, no aquário dentro d'água, não os mesmos, a cada semana recorto novos peixes de papel pardo(...)"
Hilda Hilst in A obscena Senhora D
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 5
O agosto branco hoje fotografado na capa do jornal, mostrando a capa de nuvens que cobre a cidade de São Paulo e impede o pouso dos aviões, remete à imagem que vi, horas antes, de um alpinista no cume do Aconcágua: o mesmo branco, o tapete, a terra firme que engana o olho. É esta capa nebulosa que talvez vista as razões, agora, de uma pessoa inventar tantos recursos para querer se instalar num espaço. Nunca foi tão difícil. A capa branca de agosto pode, quem sabe, enganar ideias: vim de um inverno gelado, de uma morada estrangeira, de uma esquina de colégio e Quilmes quebradas no asfalto. Vim da quadra do kiosco do Rolo e dos bilhetes que me deixavam ali, e que ele, Rolo, guardava. Das noites de cumbia no rádio, amor e calor, a eternidade. Lá, eu me encolhia nos xales e devorava os capítulos da Rayuela.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 4
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 3
Outra coisa que tem é muito pano - colcha, cobertor dobrado, cortina, toalha na mesa.
Como fazer do seu jotacá uma cabana na floresta - tomo 2
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Filmes que eu quero ver
2. com Anthony Hopkins (escolher BEM)
3. com Phillip Seymour Hoffman (idem, esses americanos...)
4. de Luchino Visconti
5. de Fellini
6. de Trouffaut
7. de Pasolini
8. de Glauber Rocha: Deus e o diabo na terra do sol e Terra em transe
9. primeira temporada de Law and order - Special Victims Unit
10. não sei o que do eu te amo (está passando ainda na cidade)
11. Loki (de qualquer maneira)
Ficando
A ânsia me arrastou, se eu conhecesse uma pessoa certa das coisas aquilo ia me sumindo, eu sumia pra poder estar com a pessoa. Depois, não aguentava. Quarenta anos parada no dilema, ou me julgando obrigada.
Me deu um nojo quando vi que a minha vida ia ficando por causa do que eu achava que as pessoas achavam de mim e que poderia desagradar. Comecei a andar, era o caminho triste, a ilha do medo, coisa e tal, mas antes eu tinha mais medo de nada. Ficar triste é uma moda de ficar bom pra si. Não ter a dívida, de ouro, que tanto maltrata no pensamento. Eu não conheço pessoa de bem que não seja um pouco estúpida, conheço mais gente de doideira que dá grandes feitos e depois esquece. Também não estou pra porrada - eu levo, aí eu vejo aquela porta aberta, e pode ser só uma frestinha, é por ali que eu vou. Isso se a coisa me dá nojo e dor no corpo. Hora em que não tenho mimos, não dou mimos, fecho e deu.
Tem de ser golpe fundo e pesado, mas às vezes, de gente pouco conhecida, pode ser uma sacadinha de nada. Fui ficando só. A gente aguenta de pé a solidão - esse caminho.
Toma de pé o vento, na cara, aí já não tem cabimento - por febre, por corno, por desdita, por qualquer amarelo que não for amarelo, uma pessoa segue pesando as suas medidas. Cada pessoa tem as suas medidas. De nada vale o metro do outro. Olho parado e besta não é.
Eu não sou velho, não.
Em nós extremos, sorrio. Fui ao mercado para tomates. Faço sopa de tomates como ninguém. Gosto porque, lá em casa, o chão todo se desenha de peles de tomates que vou jogando. No mercado encontrei Graça, simpatia, queria ter os olhos dela no meu preparo da sopa. E ela me diz: bom dia, seu Leno. E eu: bom dia, moça Graça. Não sou velho, não. Mas penso que sou, no geral. Então Graça, que escolhia asas de frango, se mete nos meus tomates. Prefiro os graúdos mas ela pega os mais vermelhos de qualquer tamanho. Não vou discutir com Graça, eu, um velho que só come tomates. Carrego a cesta e vou para a balança. Não que eu quisesse convidar Graça, não que eu deseje convidar alguém para experimentar a minha sopa, disso estou farto, convites implicam, eu não tenho gosto por nada que implique. Mas volto pra casa alegre, abro a porta (alegre), pelo os tomates (alegre) e canto (se algum dia você vier me buscar, eu vou ai, ai, eu vou, eu sou marinheiro). Contratado para os meus afazeres, começo a morder os tomates crus, passo sem sopa. É amarga, mesmo.
On The Sunny Side of The Street
Grab your coat and get your hatLeave your worry on the doorstep
Just direct your feet
To the sunny side of the street
Can't you hear a pitter pat
And that happy tune is your step
Life can be so sweet
On the sunny side of the street
I used to walk in the shade
With those blues on parade
But I'm not afraid
This rover crossed over
If I never have a cent
I'll be rich as Rockefeller
Gold dust at my feet
On the sunny side of the street
[ piano - harmonica ]
I used to walk in the shade...
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Julio, Julio
Julio Cortázar in http://www.youtube.com/watch?v=pGe5KiA6cIc
quinta-feira, 23 de julho de 2009
o jogo do mundo (rayuela lá em portugal)
Foneticamente, Rayuela é uma palavra que rola pelo interior da boca, como um doce que se desfaz, mas é também verdade que O Jogo do Mundo é um bom compromisso para um título que não é fácil de traduzir em todas as suas tonalidades. De um modo literal, rayuela
No seu início, o leitor encontra uma tábua de orientação
(...)Como em todos os grandes livros, existe a procura do novo, mas aquilo que se alcança não é uma imagem da própria experimentação, aquilo que se alcança é o contemporâneo que, a avaliar pelos 45 anos de vida que já tem, continua e continuará sempre a ser contemporâneo. As meditações, as discussões filosóficas e literárias, frequentes nestas páginas, são de uma actualidade feroz. Além disso, este O Jogo do Mundo e, também, um livro de prazeres literários tradicionais, como sejam aqueles que advêm de uma caracterização muitíssimo rica das personagens e dos lugares, de uma linguagem variada e imaginativa, com excelentes diálogos e um domínio extraordinário do simbólico e do metafórico. Mas ninguém que conheça a excelência dos contos de Cortázar se poderá surpreender com a mestria que demonstra nesta longa múltipla unidade - se me é permitido o paradoxo. (...) 'o leitor prescindirá de ler o que se segue sem grandes remorsos'
Mais nada. O indispensável começa depois desta última palavra."
José Luís Peixoto in Prefácio dispensável à primeira edição em Portugal de O Jogo do Mundo, tradução de Rayuela, de Julio Cortázar, publicada em 2008, pela Cavalo de Ferro Editores.
Extraído de www.cavalodeferro.com
terça-feira, 21 de julho de 2009
cartão postal também
L A E T E R N I D A D
D E N T R O D E M Í
H A Y Y O
ganas de ser una clochard irme a vivir bajo un puente
me compro una zodalita
las olas altas me tragan de un solo golpe
uma parte daquilo que nos move
A radiografia que vemos aí busca
busca
busca
a expressão de
pelo menos mais de um caráter
mais de um rito
mais de um estado
que é, pode-se dizer,
a manifestação do que seja a pessoa.
(A mancha azulada: seria tão bom se por aí nos enxergássemos manchas azuladas?)
Não satisfaria os desejos
o bom e o ruim e o feio e o bonito e tal
- tudo a gente quer que esteja atribuído, ali, na pessoa.(?)
Mas o que temos, no dia-a-dia
é o corpo vestido
que se transporta
emite sons
se conforma a um espaço depois a outro
reage a sinais
cria outros
reproduz o eco dos acontecimentos
ih
mas está involucrado no limite da pele
- fisicamente, a embalagem.
Então, o raio xis que vemos aí busca.
Busca o que não se vê
e por isso
não se convive com
não se conhece
mas que é
a variável imaginada
de um dentre os incontáveis elementos que compõem o que pessoas são.
cartão postal
Esta luz,
esta mesa de trabalho,
o papel cor de limão,
as unhas descascadas,
de vez em quando,
assim como uma gripe,
uma tontura no meio da tarde,
o sono que entrega às sete,
as coisas encravadas no ar
hão de precisar de ti,
clamar tua forma,
existir por tua estada no mundo ainda que não durem a temperatura do corpo,
ainda que só o meu corpo possa exsudar algo de calor,
ainda que esses instantes comecem,
breves,
e que em mim termine o intervalo,
e que as mãos gelem,
os lábios se apertem,
pois não você não está,
é fato,
em nada,
a não ser em meu estado de graças ou nostalgia,
um cão na rua que se aproxima do esgoto,
(ali o cão terá mais calor que o esgoto, imagino, não que haja comparação, pois não há).
Por isso a frase se faz,
e acabo outra.
As frases são para emprestar
e enquanto têm, compõem,
mas também tomam respiração.
Até a frase,
estrutura completamente incompatível com a vida,
é fôlego.
Nisto que é uma radiografia de mim,
o pleonasmo,
a elipse,
a hipérbole,
na inutilidade,
a pessoa vem em sua total condição:
cartão postal.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
tradução de artigo de www.pagina12.com.ar
A Casa Branca conhecia há meses o golpe que se preparava em Honduras, ainda que agora os porta-vozes do Departamento de Estado finjam uma inocência surpreendida. O atual embaixador estadunidense em Tegucigalpa, Hugo Llorens, sabe muito bem: o 12 de setembro de 2008 chegou no país centro-americano e, nove dias depois, o então golpista general Romeo Vásquez declarava pela emissora HRN que o haviam procurado "para botar no governo o presidente Manuel Zelaya Rosales" (www.proceso.hn, 21-9-08). Acrescentou: "Somos uma instituição séria e respeitosa, por isso respeitamos o Senhor Presidente como nosso Comandante Geral e nos subordinamos como manda a lei." Igualzinho a Pinochet, antes de levantar-se contra Salvador Allende. Qualquer semelhança é mera obra da realidade.
Em 2 de junho deste ano, Hillary Clinton auxiliou Honduras a participar de uma reunião da OEA. Entrevistou Zelaya e manifestou a ele sua desconformidade com o referendo que o mandatário planejava levar a cabo simultaneamente com as próximas eleições presidenciais. Funcionários norte-americanos assinalaram que "não acreditavam que este plebiscito fosse constitucional" (The New York Times, 30-6-09). Seis dias antes do golpe, o jornal hondurenho La Prensa informava que o embaixador Llorens tinha se reunido com políticos influentes e chefes militares "para buscar uma solução à crise" causada pelo referendo (www.laprensahn.com, 22-6-09.) A "solução" encontrada é notória.
É difícil supor que os comandos militares de Honduras, armados pelo Pentágono e formados na Escola das Américas, que a tantos ditadores latino-americanos ensinou como agir, se tenham movimentado sem o acordo de seus mentores. Além disso, os golpistas não esconderam os motivos de seus ato: Zelaya estava se aproximando demais ao "comunista" Chávez, o venezuelano mais odiado pela Casa Branca: em julho de 2008, sob seu mandato, Honduras aderiu à Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA), o novo "eixo do mal" na América Latina. Demais, não é verdade?
Sim, demais, porque Honduras é território estratégico para o Pentágono, que desde a base de Soto Cano, onde são estacionados efetivos da força aérea e da infantaria estadunidense, não só domina América Central: este verdadeiro enclave é fundamental no esquema militar dos Estados Unidos para uma região rica em recursos naturais. Mesmo que nunca tenha tocado os interesses das corporações estrangeiras nem dos donos locais do poder econômico, Zelaya constituía um perigo de "desestabilização". Cabe assinalar que o referendo sobre a convocatória ou não de uma Assembleia Constituinte que poderia permitir a reeleição de Zelaya não era vinculante. Ninguém se incomodou em Washington pela reforma constitucional que permitiu, na Colômbia, a reeleição de Alvaro Uribe, grande aliado dos Estados Unidos, que nem sequer foi levada a plebiscito. É que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa.
Os golpistas hondurenhos são inapresentáveis. O general Romero Vásquez Velásquez, expulso por Zelaya, de volta com o golpe e autor do sequestro e expulsão do presidente, foi alojado na penitenciária nacional em 1993 junto com outros dez membros de um grupo acusado de roubar 200 carros de luxo (www.elheraldo.hn, 2-2-93). Era então major do exército; como general, se dedica a roubar um governo eleito nas urnas. Outro inapresentável é o ministro conselheiro Billy Joya, que não honra o sobrenome - que significa "joia"* (ou sim, conforme se interprete): foi chefe da divisão tática do batalhão B3-16, o esquadrão da morte hondurenho que torturou e "desapareceu" com várias pessoas nos anos 80. O "Licenciado Arrazola" - um de seus aliados - é especialista na matéria: estudou os métodos das ditaduras argentina e chilena (www.michelcollon.info, 7-7-09). São antecedentes conhecidos, pese o qual, ou por isso mesmo, foi eleito para fazer parte do regime golpista, tão democrático, pois.
A repressão em Honduras continua. Quinta-feira passada, foi detido o pai de Isis Obeid Murilli, jovem de 19 anos assassinado pelo exército no aeroporto de Tegucigalpa: teve a peregrina ideia de exigir justiça para seu filho (www.wsws.org, 11-7-09). Os salvadores da democracia expulsaram os jornalistas da Associated Press, desapareceram da tela do Canal 21 e efetivos armados ocuparam o canal 36 (Miami Herald, 1-7-09). É a concepção da liberdade de imprensa que caracteriza os golpistas.
A Casa Branca segue calma, com o que qualificou de "ato ilegal". Hillary se nega a referir-se ao acontecido como "golpe de Estado" porque isso implicaria automaticamente na interrupção da ajuda econômica e militar estadunidense a Honduras. As conversações sobre um acordo pacífico que acontecem na Costa Rica, em que o presidente Oscar Arias atua de mediador a pedido de Obama, são uma farsa. Mas têm um lado importante: envolvem um reconhecimento oficial do regime imposto. Arias já anunciou que chamará de "presidente" tanto o golpista Micheletti como o mandatário eleito nas urnas e deposto. Isso sim é que é igualdade.
Original em espanhol por Juan Gelman
Tradução por Eliana Guedes
*Acréscimo desta tradutora
(Tradução para o português de artigo publicado em www.pagina12.com.ar - site argentino)
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Contar
::::Tu rostro mañana de Javier Marías::::
No debería uno contar nunca nada, ni dar datos ni aportar historias ni hacer que la gente recuerde a seres que jamás han pisado el mundo o que estaban ya medio a salvo en el inseguro olvido.
Contar es casi siempre un regalo,
terça-feira, 14 de julho de 2009
as simples regras
'Ah, se eu pudesse fechar como um telescópio! Acho que eu poderia, se soubesse por onde começar.´Pois, é claro, tantas coisas fora do comum estavam acontecendo, que Alice começou a achar que pouquíssimas coisas, na verdade, eram realmente impossíveis.
Mas ficar parada na frente da portinha não adiantava nada. Então, ela voltou para a mesa, com alguma esperança de encontrar outra chave sobre ela ou, por acaso, um manual de instruções para fechar pessoas como caleidoscópios: mas desta vez, a menina encontrou uma pequena garrafa na mesa (´que, provavelmente, não estava aqui antes´, disse Alice), e em volta do gargalo da garrafa havia um rótulo de papel que dizia ´BEBA-ME`, impresso em bonitas letras maiúsculas.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
há o que se inventa
E há o que se inventa.
inventa o diário
a bic mordida
os números dois, cinco e seis
os pedaços de ouro branco
o papel que brilha
a bola
a corrente
o wagner moura
o soneto da florbela
os passos de quem não manca
cadeira, formiga, marrom
bota precisando tinta
dedo precisando força
óculos no nariz
a janela
a cancela
os carros
o guarda
a porta de vidro abre, fecha
o celular avisa
vai terminar
sábado, 27 de junho de 2009
sábado, 20 de junho de 2009
quarta-feira, 3 de junho de 2009
SE VOS
Vamos che, por que dejar
que tus sueños se desperdicien?
Si no sos vos triste serás,
si no sos vos será muy triste...
Por que falsear,
si ser uno es ganar,
por que engañarse y mentirse?
Se vos, no más,
que al mundo salvarás,
aunque muchos lo hagan dificil.
Sigamoslo como hasta acá,
prometiendome que lo entendiste.
Digamos fue, si algo anda mal
cumple sus sueños quien resiste.
Yo se, dirás:
muy duro es aguantar
- mas quien aguanta es el que existe...
Si aquel se va,
no llores ni mires atras,
aunque muchos te lo hagan triste...
Se vos, no mas,
que al mundo salvarás
- por que engañarse y mentirse?
Yo se, dirás:
muy duro es aguantar.
Mas quien aguanta es el que existe.
Por que falsear
si ser uno es ganar
aunque muchos te lo hagan triste?
Si aquel se va
no llores ni mires atras
- la vida busca instruirte...
de Almafuerte, Se vos
segunda-feira, 4 de maio de 2009
errando se vai longe, agora...
Assisti, ontem, ao especial O infinito ao meu redor, de Marisa Monte, na TV. Acabo de escrever a passagem de Cortázar e me lembro do que ela diz, contando de uma estréia em São Paulo. Marisa anuncia que vai tocar um samba, pega do cavaquinho. Na platéia, compenetrada, está a autora do samba, Adriana Calcanhotto, entre miles espectadores.
Tudo escuro, Marisa larga os primeiros acordes. Silêncio no recinto. De repente, o rosto dela fica parado. Ela esquecera, por completo, nesses primeiros segundos, a letra da música. Para uma platéia lotada, e exigente, super exigente, como relata ela, durante o especial - a platéia paulista. Na narração, Marisa diz: "um show com erros é um show especial".
Em seguida, a cantora ri. Havia se lembrado! Começa a cantar.
Da platéia, Calcanhotto sorri. Todos aliviados.
É uma hora grave, esta. Humana. Enquanto vai contando da rotina nas tournês, com as imagens dos shows, Marisa fala que é isto, claramente: é um trabalho feito por seres humanos, todos querem que tudo saia perfeito, mas são humanos, provavel que errem.
Muito aplaudida, Marisa termina o samba. Todos - ela, os músicos que a acompanham, e os que a assistem - tornaram-se um pouquinho mais gente aí.
domingo, 3 de maio de 2009
A.Q.E.V.M.C.
A frase "Antes que esta vida me cortázar" = A.Q.E.V.M.C. surgiu, assim, em uma das noites em que eu, deitada em minha cama do beliche no quarto vermelho, em Palermo, relia, ao sabor do jogo da amarelinha, as páginas da obra estupenda de Julio Cortázar.