O guapuruvu
Naquela noite, a garota e seu partner voltaram do bar na carona do caminhão da Coca-cola. Madrugada, pouca gente, ela sabia dirigir, mas não tinha carro. Ele tinha carro à disposição, mas ainda iniciante na autoescola, não andava no corcel de noite. E como os pais dela não gostavam da filha cantando em bar da Cidade Baixa, não emprestavam a belina. Sentaram nos engradados, ele segurando o violão, e os bolsos forrados do couvert artístico - coisa de três pila por cabeça, que o violonista e a cantora crooner dividiam a 1,50 para cada um, houvesse só um vivente no bar assistindo, era isso que cada um levava pra casa. Havia poucos bares de música ao vivo na cidade, do tipo voz e violão. O Cokeru´s era de um argentino que dera por aí com os cornos, saído sabe-se lá de quê. De vez em quando, ele pedia que a gente fizesse Alfonsina. E a gente fazia. Cantava junto, o argenta. A garota de 19 anos atraiu muitos amigos seus e de seus amigos para o estabelecimento em frente ao Pão dos Pobres. Ovelha negra, da Rita Lee, não podia faltar. Era inverno. Ela gostava de usar o blusão tricotado pela irmã, todo colorido. Cabelo curto, pegava o microfone de madeira, isso mesmo, de madeira!, olhava bem pra ele. E cantava noite afora.
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