Fui ficando só. Uma pessoa dizia: você não pode se lembrar da morte de fulana, você era tão criança. Daí, pra mim, eu já estava fora daquela conversa. Não era aquilo. Era uma ferida grande e não tinha palavrea. Eu seguia, evitando aquela pessoa. Não que me conformasse, pelo contrário, eu desejava a morte da pessoa. Queria continuar, que é mudança, não tinha muito o que fazer naquela vida parada. Não nasci para fotografia. Para ser aquela que só é olhada, assistida, como se assiste televisão, uma propaganda.
A ânsia me arrastou, se eu conhecesse uma pessoa certa das coisas aquilo ia me sumindo, eu sumia pra poder estar com a pessoa. Depois, não aguentava. Quarenta anos parada no dilema, ou me julgando obrigada.
Me deu um nojo quando vi que a minha vida ia ficando por causa do que eu achava que as pessoas achavam de mim e que poderia desagradar. Comecei a andar, era o caminho triste, a ilha do medo, coisa e tal, mas antes eu tinha mais medo de nada. Ficar triste é uma moda de ficar bom pra si. Não ter a dívida, de ouro, que tanto maltrata no pensamento. Eu não conheço pessoa de bem que não seja um pouco estúpida, conheço mais gente de doideira que dá grandes feitos e depois esquece. Também não estou pra porrada - eu levo, aí eu vejo aquela porta aberta, e pode ser só uma frestinha, é por ali que eu vou. Isso se a coisa me dá nojo e dor no corpo. Hora em que não tenho mimos, não dou mimos, fecho e deu.
Tem de ser golpe fundo e pesado, mas às vezes, de gente pouco conhecida, pode ser uma sacadinha de nada. Fui ficando só. A gente aguenta de pé a solidão - esse caminho.
Toma de pé o vento, na cara, aí já não tem cabimento - por febre, por corno, por desdita, por qualquer amarelo que não for amarelo, uma pessoa segue pesando as suas medidas. Cada pessoa tem as suas medidas. De nada vale o metro do outro. Olho parado e besta não é.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
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